A Igreja Católica angolana vai realizar uma “novena”, nove dias de oração, para a paz e estabilidade das eleições gerais de 24 de Agosto próximo no país, anunciou hoje a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST). Dar de comer a quem tem fome (20 milhões de pobres) não faz parte dos atributos desta Igreja. Dizer quem são os responsáveis também não…
“Na parte da tarde (de quinta-feira) estivemos a tratar da novena para as próximas eleições e também do papel da igreja nas próximas eleições gerais em Angola”, afirmou o porta-voz da CEAST, Belmiro Chissengueti, no balanço do primeiro dia da segunda Assembleia Plenária dos bispos angolanos.
Segundo o prelado católico, nos anos anteriores foram realizadas orações pelas eleições a nível das paróquias: “E desta vez decidimos introduzir este elemento de oração (a novena)”. Louvados sejam os pobres de espírito (e da barriga). Louvados sejam os ricos, pois é deles o reino do MPLA…
“É nossa missão, afinal somos crentes e aquilo que nos identifica é justamente a oração, para que o Senhor guie os nossos passos no caminho da paz, afinal é feliz a nação cujo Deus é o Senhor”, justificou o porta-voz e também bispo de Cabinda.
Na abertura do conclave, os bispos católicos exortaram os políticos a fazerem discursos que “elevem o patriotismo e a cidadania”, reiterando a necessidade da “tolerância” e de “evitarem discursos insultuosos e incendiários, que tendem à banalização”, em ambiente eleitoral.
Segundo o presidente da CEAST, José Manuel Imbamba, é preciso primar “principalmente os políticos, por discursos que despertem a nobreza do patriotismo, da cidadania, da harmonia e amizade social que garantam no povo acreditar num futuro melhor”.
O arcebispo recordou que Angola vai a eleições em 24 de Agosto próximo, considerando que o país “será chamado mais uma vez a viver um dos mais significativos acontecimentos da sua história”, desejando que o processo decorra “com grande alegria e exemplar convívio social”.
Pelo menos 14,3 milhões de eleitores, sendo 22 mil no exterior, estão aptos para exercer o seu direito de voto nas eleições angolanas, que elege o cabeça-de-lista da candidatura mais votada como Presidente da República.
Mais uma vez temos de a José Manuel Imbamba se o que conta é a verdade ou, apenas, passar ao lado dela para não ferir a susceptibilidade dos que, embora tendo do seu lado a razão da força, não têm a força da razão?
“Tenhamos sempre presente que a paz terrena nasce do amor ao próximo, absolutamente necessárias para a sua edificação é a vontade firme de respeitar a dignidade dos outros e a prática assídua da fraternidade”, afirmou José Manuel Imbamba. Daí, provavelmente, o facto de Angola ter, por exemplo, 20 milhões de pobres…
O também arcebispo de Saurimo defende igualmente a necessidade da “intensificação” de acções de educação cívica, sobretudo nas comunidades, no âmbito das eleições de Agosto, talvez seguindo o exemplo “divino” dos que se preparam para matar todos os galos que existam para fazer uma monumental cabidela, eventualmente benzida pela Santa Igreja Católica.
No arranque dos trabalhos, os bispos da CEAST cumpriram um minuto de silêncio em memória do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que morreu no passado dia 8, e renovaram sentimentos de penar ao executivo angolano, ao MPLA (no poder há 46 anos), e à sua família. Não teria sido conveniente, a bem deles, recordar o único herói nacional permitido (Agostinho Neto) que, em Maio de 1977, mandou assassinar milhares e milhares de angolanos?
Folha 8 com Lusa